Breno Altman: Brasil precisa adotar medidas práticas para defender soberania
Para jornalista, o Brasil precisa adotar medidas políticas e práticas para defender a soberania
“Se o governo brasileiro não adotar medidas políticas e práticas para defender a soberania, o país estará sem forças para resistir à pressão imperialista”, declarou o jornalista Breno Altman no programa 20 MINUTOS ANÁLISE.
Para o fundador de Opera Mundi, os impactos a médio e longo prazo da sobretaxa de Trump deverão ser mensurados com maior precisão, principalmente pelo futuro econômico e geopolítico, já que o Brasil não pode ficar submisso ao governo dos EUA igual a Europa que “ficou de joelhos”.
Reveja análise de Breno Altman:
“O Brasil também está sendo atacado pelos EUA, a Casa Branca deseja enfraquecer o BRICS e retomar influência na América Latina. Da mesma forma que o governo norte-americano pressionou a União Europeia até a capitulação, assim, também agirá aqui, ciente ou apostando, que a grande maioria dos empresariado brasileiro e seus porta-vozes são submissos aos interesses norte americano”, disse.
O jornalista ainda relembra que a Europa não é um aliado de confiança, já que a “burguesia europeia está nas mãos dos EUA”. Analisando, Altman afirma que o Brasil precisa de aliados estratégicos dentro das nações do sul global e do BRICS, principalmente com a China e a Rússia, para reforçar a aliança estratégica que deveria reorientar a política externa e de defesa incluindo o “restabelecimento de laços fraternos com a Venezuela e reforçar vínculos com outras nações latinas de governos contra hegemônicos”.
“A Venezuela é o país na América Latina que mais tem experiência para enfrentar o imperialismo norte americano, o que mais tem autonomia e que melhor se reorganizou. Além das gigantescas reservas de petróleo e gás natural, que traz vantagens. O Brasil aliado a Venezuela e atraindo a Colômbia, assim como a Bolívia e outras nações, podem construir na América do Sul um bloco que facilite a resistência aos EUA. Mas, sem retomar uma relação fraterna com a Venezuela, tudo ficará mais difícil”, explica Breno Altman.
Defesa da soberania
Diante a atual situação do Brasil e do tarifaço imposto por Trump de 50%, que deve entrar em vigor na próxima sexta-feira (01/08), o governo brasileiro precisa adotar medidas políticas e práticas para defender a soberania. O jornalista lista que mobilizar a população, adoção de um programa emergencial para superação da dependência tecnológica e militar, são maneiras de driblar a “quinta coluna” — definido por Altman como o empresariado brasileiro — que pode encurralar o governo Lula, durante a pressão imperialista que os EUA move contra o Brasil.
“O atual governo precisa de um programa para defender a soberania brasileira, com medidas políticas e concretas. É necessário ter soberania tecnológica e digital, por exemplo, os data centers que são controlados por empresas norte-americanas, demonstra uma fragilidade imensa que precisa ser superada. Assim como o armamento e a tecnologia de defesa que também tem origem dos EUA e aliados e o sistema de satélite da Amazônia, são uma série de fragilidades que precisam ser enfrentadas para estabelecer uma soberania legítima”.
Em sua análise, o especialista destaca que o país precisa enfrentar de forma estrutural as grandes questões relacionadas à soberania nacional para que estas possam, de fato, ser implementadas. Altman aponta que a ausência de uma indústria de defesa autônoma, somada à falta de autoridade sobre seus dados – consequência da carência de soberania tecnológica – são fatores que exigem avanços mais acelerados do que o ritmo atual. Ele alerta ainda que qualquer programa de desenvolvimento não pode estar sujeito às limitações do arcabouço fiscal em vigor, pois o que está em jogo é a própria existência da nação como entidade autônoma e independente.
“O Brasil tem vulnerabilidades acumuladas ao longo de décadas, dessa forma nunca foi um país independente em termos econômicos, tecnológicos ou militares. É um país sob a hegemonia norte-americana pelo menos desde a 2ª Guerra Mundial e, essa situação de dependência fragilizou o país em muitos aspectos, que precisam ser enfrentados e superados, principalmente a militar”, conclui.























